Vistoria da Barragem de Juturnaíba aguarda análise técnica

Laudo tem previsão para final de março, segundo técnicos dos órgãos presentes

O Ministério Público Federal (MPF) convocou uma vistoria que aconteceu na manhã desta quinta-feira (14) na Barragem da Represa de Juturnaíba, que é responsável pelo abastecimento de água da Região dos Lagos, com o objetivo de fiscalizar a segurança da barragem, muito comentada e debatida nos últimos dias pela mídia e pela população.

A ação foi direcionada pelo Procurador da República de São Pedro da Aldeia Leandro Mitidieri e acompanhada por técnicos e representantes de órgãos ambientais, inclusive pelo Presidente do Comitê Bacia Hidrográfica Lagos São João (CBHLSJ) e Vice-Prefeito de Iguaba Grande, Leandro Coutinho. Além disso, estavam presentes o Diretor- Presidente da Concessionária de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Prolagos), Sérgio Braga, o Professor da UERJ Adacto Ottoni, a equipe do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro, representantes das Secretarias de Meio Ambiente de São Pedro da aldeia e Silva Jardim e ambientalistas.

O tema foi pauta da última reunião do CBHLSJ, mediada por Leandro Coutinho e realizada na Sede da Prefeitura de Iguaba Grande, onde foi debatido a competência da manutenção da Barragem. Na ocasião, o Presidente do Comitê ressaltou a importância da limpeza da Barragem. “Serão promovidos estudos técnicos para sabermos a real condição que se encontra a barragem hoje. É necessário fazer a limpeza dos locais que tem as plantas e a retirada das ombreiras que foram utilizadas. É uma questão de transparência das informações. Muitas pessoas não conheciam a Barragem e escutaram falar dela por meio de jornais, devido a todos esses acidentes que estamos acompanhando em nosso país. Essa visita é essencial para mostrarmos a importância desta represa para nossa Região”, disse o Vice-Prefeito.

A ação foi acompanhada, também, pelo Consultor da Prolagos e responsável pela inspeção da Barragem, José Renato Cotrim, destacou que foi feita uma inspeção na quarta-feira passada, dia 06, com os técnicos: engenheiro estrutural e geólogos e não foi encontrada evidência de risco iminente de colápso da Barragem. “O laudo está em elaboração e foi pedido documentos complementares, além de estudo, mas posso adiantar que não vimos nenhuma evidência de risco”, disse Cotrim.

Já para o Professor da UERJ, Adacto Ottoni, do Departamento de Engenharia Sanitária e do Meio Ambiente da Universidade, foi detectada a falta de manutenção e conservação, o que diminui a capacidade de escoamento e que, segundo ele, pode gerar uma sobrecarga sobre a barragem. “Sugeri que, a curto prazo, seja feito um barramento flutuante para segurar a floresta e não coloque em risco em uma eventual enchente ou que entre planta no vertedor. A barragem é estável mas tem que ser verificada. Isso tem que ser discutido à nível de Prolagos, Águas de Juturnaíba e, também, à nível de Comitê de Bacia, Inea e Prefeituras locais”, ressaltou Ottoni.

Segundo o Procurador da República, Leandro Mitidieri é necessário verificar o resultado definido pelos estudos e focar na segurança da Barragem. “O que for exposto nos resultados, vamos preferir pecar pelo excesso de acordo com o que a legislação exige nesses casos”, explicou Leandro Mitidieri.

O Presidente da Prolagos, Sérgio Braga tranquilizou a população em relação às últimas notícias. “Os moradores podem ficar tranquilos. Eu digo isso não só como presidente da Prolagos, pois não tenho competência para estar dizendo isso isoladamente, mas estou baseado em todos os relatórios que temos e que apontam à integridade e solidez da infraestrutura”, destacou o Presidente da Concessionária, que explicou a existência das plantas na Represa. “A vegetação que encontramos hoje é originada de nutrientes que são lançados no corpo da represa. Temos que ter um acompanhamento dos órgãos públicos e trabalharmos na causa. Em função do crescimento desta vegetação, vamos intensificar a limpeza que deve ser frequente. Outro ponto que gerou atenção foram os escombros, muros construídos (ombreiras), em 1994 na extensão da Barragem para canalizar a água para irrigar uma plantação de arroz, foram construídos em bases diferentes da estrutura da Barragem e não apresenta nenhuma conexão com a Represa”, concluiu Sérgio Braga, informando que será realizado um trabalho de campo para fazer a remoção dos escombros, além de uma proteção lateral para que o curso da água não prejudique as áreas da Barragem de Juturnaíba.  

 

Texto: Lívia Lisle

Fotos: Lívia Lisle e Andréa Morais

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