Pessoas incapazes de mentir e julgar, que enxergam o mundo de uma forma especial. Estas são algumas características dos Autistas, sendo mais correto chamar de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Por se tratar de uma condição que pode se manifestar de formas bem diferentes, dependendo do indivíduo.
O abril azul foi estabelecido, em 2007, pela Organização das Nações Unidas (ONU), como uma forma de conscientizar as pessoas sobre o assunto, assim como dar mais visibilidade ao Transtorno do Espectro Autista (TEA). Segundo dados do IBGE, são cerca de 2 milhões de autistas no Brasil e no mundo, segundo a ONU, mais de 70 milhões de pessoas com espectro. A data estabelecida, não só no Brasil, mas também mundialmente, para Conscientização sobre o Autismo, é comemorada em 2 de abril.
Com o objetivo de difundir as informações para a população, e assim minimizar o preconceito sofrido pelas pessoas que são afetadas pelo transtorno, neste mês, são promovidas diversas atividades, como rodas de conversa, palestras, encontros de pais e caminhadas.
O Autismo é uma condição neurológica que começa a ser identificada ainda na infância. A partir deste diagnóstico, começa um processo de busca para entender a forma como esta criança se sente em relação ao que acontece ao seu redor e, em como os que convivem com ela irão se comportar neste mundo de descobertas.
É um diagnóstico muito delicado para os pais, porém, com o aumento das informações e o apoio de profissionais especializados, espera-se que, a cada dia, essa criança possa se desenvolver e se tornar capaz de conquistar todos os seus sonhos. Os sintomas podem ser de mais leves a mais intensos e são classificados em níveis, sendo de vital importância o acompanhamento por um especialista que possa oferecer todo conforto necessário aos envolvidos.
A história de Maria Carolina de Souza, mãe do pequeno Heitor de 6 anos, não foi nada fácil e é marcada por superação e empenho. Essa mãe lutadora identificou, desde 1 ano e meio, que o filho apresentava um comportamento atípico. A mãe insistiu até fechar o diagnóstico, seu filho tinha TEA. Com o crescimento da criança, também foram identificados o Transtorno do Déficit de Atenção com a Hiperatividade (TDAH) e Transtorno desafiador de oposição (TOD).
“Os pais precisam se envolver. Observando o comportamento do meu filho, senti que existia algo diferente. Não existem limites até onde meu filho pode chegar. Tenho muitas incertezas, mas me emociono a cada conquista dele. Costumo dizer que ele salvou minha vida. Eu não sou mãe de uma criança especial e sim me sinto uma mãe especial, pois Deus me deu de presente. Um Anjo Azul”, disse Maria Carolina.
A psicóloga Adriana de Almeida, que trabalha na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Iguaba Grande (APAE), destacou a importância de informar e acolher os pais e assim promover um envolvimento deles com a condição do filho. “A participação da família é fundamental. Com entendimento e o envolvimento de todos, conseguimos proporcionar o melhor para o desenvolvimento dessa criança. Assim elas se desenvolvem muito melhor. As famílias devem buscar ajuda de profissionais qualificados para entender esse novo mundo. Assim eles são capazes de voar”, explicou.
O Autismo não se cura, se compreende
Nossa cidade conta com o apoio da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Iguaba Grande (APAE), que realiza um trabalho de inclusão de pessoas com TEA e demais condições especiais, tendo foco na informação e acolhimento de pais e responsáveis.
A APAE é uma instituição nacional que nasceu em 1954, no Rio de Janeiro. É uma organização social, cujo objetivo principal é promover a atenção integral à pessoa com deficiência, prioritariamente aquela com deficiência intelectual e múltipla. A Rede Apae destaca-se pelo pioneirismo e sua abrangência, estando presente, atualmente, em cerca de 2.200 mil municípios em todo o território nacional.
A sede de Iguaba Grande, inaugurada em 1997, disponibiliza uma equipe multidisciplinar aos pais, responsáveis e assistidos como: serviço social, fisioterapeuta, neuropsicopedagoga, optometrista, psicóloga, enfermeiro, terapeuta da família, dentista, nutricionista, além de uma coordenação pedagógica com pedagoga, professores de Português, alfabetização, reforço escolar e matemática.
A presidente da APAE de Iguaba Grande, Débora de Macedo, começou seu trabalho em janeiro de 2023 e explicou um pouco sobre o papel da instituição: “Hoje temos 60 pessoas cadastradas, sendo 45 ativas. Estamos indo de residência em residência para trazer de volta os que, por algum motivo, deixaram de frequentar. Nosso objetivo é dar todo o apoio e suporte, para assim promover o desenvolvimento de nossos assistidos e mostrar que não existe limites para aqueles que acreditam.”
A pedagoga, Rita de Cássia, completou dizendo, “Nosso trabalho é desenvolver as habilidades que eles ainda não têm e potencializar os que já possuem. Meu foco é no auxílio à alfabetização, exercer um acompanhamento individual ou atividades em grupo. Tudo com o intuito de melhorar a inserção deles na escola”.
Os interessados em conhecer a APAE, as atividades e serviços oferecidos, devem comparecer à sede com o laudo fechado do assistido, além dos documentos dos pais e/ou responsável, acompanhados pelo comprovante de residência. O funcionamento acontece de segunda a sexta, das 8h às 17h. O endereço é Rua Aníbal Simões Pires de Condeixas, 197 – Centro.
Onde um diagnóstico não é o fim, e sim o começo
Um diagnóstico que assusta, mas que une famílias. Foi a partir da necessidade de pais e cuidadores de crianças com TEA de trocar experiências e aprenderem sobre a nova realidade em que viviam, que nasceu, há seis anos, a Associação de Pais Eficientes de Iguaba Grande (APEIG).
No início, um pequeno grupo de pais se reunia, um mês na casa de um, para conversarem sobre suas dúvidas, angústias e conquistas. Em 2023, já são 106 famílias apoiadas, além da conquista da legalização jurídica, no final de 2022. O principal objetivo da APEIG é o de orientar e apoiar os pais que recebem o laudo de TEA ou de qualquer outra condição neurológica. A iniciativa visa ajudar as famílias a lidar com o desconhecido.
“Quando se espera um filho, você imagina que terá uma criança sem nenhuma necessidade especial. E quando você se depara com esse diagnóstico, os pais sofrem muito. Para mim foi difícil, pois não temos casos na família, então comecei a pesquisar e a me informar sobre o que minha filha tinha. Eu não tive luto, eu fui para a luta. A essa minha luta, outros pais se juntaram e nasceu a APEIG”, disse Bianca Duarte, fundadora da associação, atual presidente e mãe de Luciana, de 12 anos, que recebeu o diagnóstico de TEA aos 5 anos.
A associação promove diversos eventos, como a caminhada da inclusão, que acontece todos os anos, sempre no mês de abril. Além do Bazar Virtual, do Calendário da Inclusão, venda de rifas, de brinquedos na feira da criatividade e campanhas de doação, como na Páscoa e no Dia das Crianças. Todas as ações são promovidas nas redes sociais, pelos Facebook e Instagram da APEIG. Os encontros e festividades ocorrem na Igreja Evangélica Fé para Todos, enquanto os “Amigos da Causa”, pessoas que acreditam e se sensibilizam com o trabalho da associação, formam uma corrente de solidariedade.
A APEIG é considerada uma associação sinalizadora, que promove um movimento de conscientização, com os pais e a sociedade. Trabalha como um órgão que verifica as necessidades dos autistas dentro do sistema, e as pautas levantadas pelos pais são direcionadas aos setores da Prefeitura.
A presidente, Bianca Duarte, explicou sobre essa relação amistosa, “Encontramos muita abertura nesta gestão para conversar. Temos muito apoio das Secretarias, como a de Educação, que realizou um curso de capacitação com os mediadores nas escolas, a de Saúde, através do trabalho do Flore’Ser e a de Turismo, que sempre reserva um espaço para nós nos eventos. Sabemos que o Prefeito Vantoil Martins trabalha muito para tornar o nosso município cada dia mais inclusivo. Essa parceria é fundamental para podermos expandir nosso trabalho”, concluiu.
A Prefeitura de Iguaba Grande sempre esteve engajada na temática da inclusão. Através do Centro Especializado em Reabilitação de Deficiências Física e Intelectual, o CER Flore’Ser, do Centro de Apoio Psicossocial (CAPS), do Ambulatório Ampliado de Saúde Mental e da Residência Terapêutica. Onde o cuidado, a informação e a assistência estão em primeiro lugar.
Qualquer autista pode ser, surpreendentemente, brilhante, e eles merecem uma sociedade mais consciente e tolerante. Façamos a nossa parte! Sejamos essa sociedade!